Alexandre B. Cunha
Este é o primeiro de uma série de seis textos nos quais são discutidas algumas das recentes demonstrações da natureza antidemocrática do PT. Idealmente, eu discutiria neste blog todas as evidências que aquela organização já forneceu da sua essência totalitária. Contudo, essa tarefa não é exequível, pois tais evidências estão bem longe de serem poucas. Assim sendo, restringir-me-ei a discutir alguns episódios, todos relativamente recentes, que estabelecem de forma inequívoca que o referido partido possui um caráter ditatorial.
Considere o julgamento da AP (Ação Penal) 470, popularmente conhecida como o caso do mensalão. Naquela ocasião, o STF condenou por corrupção os proeminentes petistas José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e Delúbio Soares. Qual foi a reação dos militantes do PT? Passaram a se referir aos criminosos como “guerreiros do povo brasileiro”. Como se isso não bastasse, eles não hesitaram em declarar que os corruptos petistas devidamente encarcerados eram “presos políticos”.
Esse comportamento demonstra de forma clara o desapreço do PT pela democracia. Afinal de contas, como é possível que uma pessoa condenada pela mais alta corte de justiça de um país seja um herói ou um preso político? Ora, isso somente pode ocorrer em uma ditadura. Ou seja, com intuito de defender os seus militantes corruptos, o PT não hesitou em equiparar o Brasil a uma nação não democrática. Tal atitude é ainda mais condenável quando se leva em consideração que dos treze juízes que participaram do julgamento, dez foram indicados para o STF por Lula e Dilma.
O episódio acima discutido traz à luz outra característica do PT. Em sociedades democráticas, existe uma separação entre estado, governo e partido (ou partidos) no poder. A título de exemplo, considere o caso dos EUA. O presidente não pode utilizar recursos públicos para custear a festa de aniversário do seu partido; similarmente, a Reserva Federal (órgão equivalente ao Banco Central) não está subordinada a qualquer partido político (esteja ele no governo ou não). Exatamente o oposto ocorre em uma ditadura socialista. Em uma sociedade desse tipo, há uma submissão de toda máquina administrativa aos ditames do partido comunista. Como consequência, não existe uma efetiva separação entre governo, estado e partido.
Durante e depois do julgamento do mensalão, os petistas manifestaram abertamente o seu inconformismo com o fato de a justiça não atuar em consonância com os interesses do seu partido. Em outras palavras, eles são incapazes de aceitar que as instituições públicas não estejam a serviço da sua agenda política. Todavia, a separação entre estado, governo e partido no poder é um dos pilares da democracia. Aquilo que os petistas desejam somente ocorre em regimes totalitários. Assim sendo, esse episódio, isoladamente, já é suficiente para estabelecer a natureza antidemocrática do PT.
O próprio PT já discutiu essa questão ao analisar a sua passagem pelo governo. Em um documento aprovado pelo diretório nacional do partido em maio de 2016, está escrito o seguinte:
Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de verbas publicitárias para os monopólios da informação.
Ou seja, na visão dos petistas, o partido errou ao não se apropriar de algumas instituições do estado brasileiro. Como não é razoável supor que eles persistam no erro, a conclusão a que se chega é que o PT tentará colocar toda a máquina pública a serviço do seu projeto de poder caso retorne ao Palácio do Planalto.
Ao menos em uma ocasião, a incapacidade petista de respeitar o princípio da separação entre estado, governo e partido se manifestou de uma forma que chegou a ser primária. Em 2004, durante o primeiro mandato de Lula, verbas públicas foram utilizadas para decorar os jardins do Palácio da Alvorada com uma estrela vermelha!
Concluindo, não devemos nos iludir com relação à real natureza do PT. Ele não aceita a separação entre estado, governo e partido. E não poderia ser de outra forma, pois os petistas têm como objetivo final transformar o Brasil em uma tirania socialista na qual todos os indivíduos e instituições estarão subordinados aos ditames daquela organização extremista.
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