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Bolívia e Venezuela: uma importante lição para o Brasil

Alexandre B. Cunha

Em 10 de novembro último o socialista Evo Morales renunciou à presidência da Bolívia e poucos dias depois partiu para o exílio no México. Tendo em vista o que ocorre na Venezuela, onde apesar de uma forte pressão internacional e de uma intensa oposição doméstica os chavistas não abrem mão do poder, a crise boliviana se resolveu de forma extremamente veloz. Discute-se neste texto o principal motivo pelo qual os eventos na Bolívia se desenrolaram de forma tão distinta àquela que se verifica na Venezuela e qual é a lição desses acontecimentos para o Brasil.

Nicolás Maduro (esquerda) e Evo Morales em 19 de fevereiro de 2013. Fotógrafo: não identificado/Prensa Miraflores. Fonte: Flickr.

O mais importante fator capaz de explicar os diferentes destinos de Evo Morales e Nicolás Maduro é o posicionamento das forças armadas dos respectivos países. Na Bolívia, além de se recusarem a reprimir manifestações populares contrárias ao líder socialista, os militares recomendaram-lhe que saísse do governo; consequentemente, em poucos dias houve a renúncia e o exílio de Morales. Já na Venezuela, os militares se constituem em um importante pilar de sustentação da tirania socialista; assim sendo, os chavistas têm como se manter no poder pela força.

Evidentemente, a esquerda radical brasileira tem plena ciência da importância das forças armadas para os seus planos de transformar o Brasil em uma tirania socialista. Afinal de contas, cedo ou tarde a implantação do socialismo requer, em menor ou maior grau, o uso da força. Isso coloca os extremistas diante de duas opções: (1) cooptar um considerável número de militares para o seu projeto ou (2) enfraquecer (ou mesmo destruir) as forças armadas de forma que elas não tenham como barrar a sua agenda totalitária. Vale ressaltar que essas opções não são mutuamente excludentes, pois a extrema esquerda pode se infiltrar nas forças armadas ao mesmo tempo em que as debilita.

Diversas ações e declarações dos socialistas brasileiros ilustram como eles adotaram, adotam ou planejam adotar as duas táticas acima listadas. Por exemplo, no levante comunista de 1935 os esquerdista utilizaram a primeira delas; porém, como o número de militares socialistas era baixo, o golpe fracassou. Há mais: no item 12 da parte III do programa do PSOL está escrito que “É fundamental a democratização das forças policiais e em particular do Exército, com o direito a livre organização política das tropas, com direito das tropas elegerem seus próprios comandantes”. Ou seja, os psolistas querem destruir a disciplina e a hierarquia das forças armadas e, com sorte, eleger oficiais simpáticos à sua causa. Quando, em uma resolução aprovada pelo seu diretório nacional em 17 de maio de 2016, o PT afirma que em sua passagem pelo governo errou ao não “modificar os currículos das academias militares” e por não “promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista”, o partido sugere que planeja adotar a tática (1) caso retorne ao Planalto. Por fim, um artigo publicado no site do PSTU (um partido trotskista) abraça abertamente a tática (2), pois lá se afirma que “Sem destruir as Forças Armadas burguesas, não há nenhuma possibilidade de liquidar o capitalismo e iniciar a construção do socialismo” e “Jamais em toda a história foi possível construir o socialismo mantendo intactas as Forças Armadas”.

Concluindo, a lição que se tira das experiências da Bolívia e da Venezuela é bastante simples: jamais podemos permitir que a esquerda radical corrompa ou destrua as forças armadas do Brasil. Caso contrário, perderemos aquela que possivelmente é a nossa última defesa contra o socialismo.


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