Alexandre B. Cunha
Nelson Teich, o novo ministro da Saúde, afirmou que deseja implantar um amplo programa de testes para combater a pandemia da Covid-19. Essa é uma notícia extremamente positiva. Há dois motivos para tanto: (1) o Brasil precisa ter mais informações sobre o vírus e (2) provavelmente os testes serão fundamentais no período pós-confinamento. O restante deste texto contém uma breve discussão desses dois pontos.
Considere inicialmente o item (1). Suponha que uma pessoa ou uma entidade (pública ou privada) deseje alcançar algum objetivo. Algumas informações serão necessárias para que haja uma chance razoável de se atingir o objetivo em questão. Por exemplo, se alguém está planejando um jantar para os seus familiares, então essa pessoa precisar ter, dentre outras coisas, uma estimativa de quantos indivíduos deverão vir ao evento de forma a providenciar uma quantidade adequada de comida etc. Similarmente, se uma empresa está avaliando se fará uma campanha publicitária, então convém que ela tenha ciência pelo menos do valor que será cobrado pelos anúncios e do número estimado de pessoas que serão alcançadas pela propaganda de forma a fazer com que a campanha contribua para aumentar o lucro de firma.
Assim como nos exemplos acima, o combate à Covid-19 requer informações sobre o referido vírus. Definitivamente, não basta saber que ele é contagioso e letal para elaborar uma boa estratégia para enfrentá-lo. Dentre outras coisas, é preciso ter estimativas da percentagem da população brasileira que já contraiu o vírus e da fração dos infectados que precisa de atendimento hospitalar. No momento, estatísticas desse tipo simplesmente não estão disponíveis. E o caminho para obtê-las necessariamente passa por um amplo programa de testes.
Com relação ao ponto (2), possivelmente ele será discutido com mais detalhes em um futuro texto deste blog. De toda forma, realiza-se aqui uma rápida discussão do problema. Por mais longa que seja a duração do confinamento presentemente em vigor, não se pode descartar a hipótese de que haverá novos surtos da Covid-19 após o seu encerramento. Como até o presente momento o melhor exemplo de como lidar com vírus foi fornecido pela Coréia do Sul, então é recomendável que o Brasil se prepare para adotar uma política similar. Tendo em vista que a estratégia sul-coreana requer a realização de muitos testes, tem-se então mais um motivo para que a implantação do programa mencionado pelo ministro Nelson Teich seja muito bem-vinda.
Por fim, convém ressaltar que o Brasil não precisa testar toda a sua população. Por exemplo, conforme mencionado no último texto deste blog, até o último dia 15 a Coréia do Sul havia realizado aproximadamente 535 mil testes, ao passo que a sua população é superior a 51 milhões.
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